segunda-feira, 23 de novembro de 2015



Como disse o nosso poetamigo, Mário Bróis, "poema escrito a quatro mãos"!



REQUIESCAT IN PACE
Erilva Leite/Roberto Noir

Soturnal dama, excelsa e triunfante.
Quão bela és em tua torre eterna
Ninho de dor, ornada primavera
Lilases flores em cadáveres de infante!

Maviosa és em teu centro de justiça
Fazes do ser o mesmo e maravilhoso fim.
Trazes presa, aconchegada ao peito
Flores de sangue, escuro e fétido - que já foi carmim!

Tua companhia é o melhor remédio
Para quem experimentou o terrível mal,
Sofreu perseguições e ouviu maldosas falácias
Só resta esperar de ti um piedoso final!

Para quem não possui a hiperbólica vontade de viver
E não consegue remover o peso chamado vida
Só resta viver de forma religiosamente asceta
Enquanto monotonamente aguarda pela ida!

quinta-feira, 25 de junho de 2015





Imagem retirada : http://pt.anawalls.com/imagens-de-caveira-papeis-de-parede-de-mesa-vector-flor-fundos-de-velas-material-livro/12801221800/



FENDA INERTE

No labirinto profundo
Em que dorme a minha sombra
Nem Jung ou Freud o saberia

As nuances letais da agonia
Da verve poética que do meu ser exala
Somente a orquestra sinfônica da fala

Contrapõe-se ao que me cala
Que é fria lápide
Tal fenda inerte

Preciso mais que flores vermelhas
Jogadas no esquife
 Para embelezar
Cada pensamento meu

Que bebe das leis  do ostracismo
Mas que é majestoso e suspenso
Nos portões a que nos iguala

Na frialdade deste chão,
Mas resplandecente  é  sempre – o berço
Que nos acolhe a vala!


Erilva Leite

sexta-feira, 12 de junho de 2015


INFINITO

No leito divino do amor em que embalaste os meus sonhos
Nossas mãos em  nossos corpos eram como preces
Um elo ou misto  de ternura e verdade
Veracidade na vastidão do eterno e do infinito que é amar!

Esqueci-me  de acordar do sonho e enxergar
Quão profunda é a vala em que se sepulta um sentimento
Quão profundas as chagas que sangram sem cicatrizar

Mas do alto do céu eu sei não se vê escombros
Na cruz tosca e atroz de cada assombro
Verte-se a dor torna-se ornado e bonito
Desce-se à tumba atroz do esquecimento para se alcançar o infinito!


segunda-feira, 20 de abril de 2015







Hoje eu tive um sonho, não sei se movido pela febre ou pela sensação de medo por estar sozinha, senti a companhia de algo ou alguém ao meu lado como se canalizasse minha febre, senti-me como se fosse uma folha verde banhada de orvalho em uma manhã ainda sem sol, percebi de uma forma bela e plena que nós nunca estaremos sozinhos, que ao passo que se esperam a visita de anjos ou seres especiais, celestiais, divinos - temos sempre um vizinho, um amigo próximo nos trazendo um pouco da suavidade que perdemos no calor do meio-dia de tantas dúvidas e inquietações. Vendo assim, a vida e todos que nos cercam fica fácil perceber que em nenhuma vez somos gigantes o bastante para suportarmos os nossos fardos sozinhos, mas que haverá sempre alguém ou algo que vai suavizar os sentidos; a música, a poesia, a arte em geral. Remédios que podem ser tomados sem contraindicação. Fico a imaginar a dor das pessoas que não se abraçam porque o abraço cura a solidão, cura a falta de amor, nos da um sentido,  um norte, uma asa que cruza e desata os nós da insatisfação, da indiferença...


E por um instante tive a certeza de um amor genuíno, “algo que cresce”, sem medo, inclusive de perder, porque não se perde um amor, no mínimo ele se torna outra coisa que não fomos capazes ainda de entendê-lo... e ainda que não seja compreendido, ele existe e é o bastante... Como as flores que nascem no recôndito
das pedras e lá sobrevivem, “não esperam nada” eu espero somente a certeza de ser real - espero a chuva, o sol, o vento... Aprendi sorrir com a genialidade dos que nasceram pra isso, é um dom fazer rir, não amaria ninguém que não me fizesse dar boas gargalhadas ou tivesse a simplicidade de me encantar com as frases perfeitas e poéticas. Nunca podemos esquecer de olhar as flores e regar o jardim, olhar o por do sol e a lua e saber que nessa imensidão que é viver nunca estamos sós e que ainda que sejamos “meio loucos ou estranhos”, somos únicos... “bebendo de fontes várias”, fazendo o que seja, somos elos de uma corrente que não aperta, mas que possa agregar a diferença, pois há  riqueza esta na diversidade. E em um mundo particular ou não, também somos universos quando não cabemos dentro de si, precisamos transbordar. Isso é ser infinito, enxergar o grão de areia, a gota d’água, a florzinha mais singela, o pássaro que pousa... E estas coisas não podem ser vistas na pressa, mas na contemplação!! Contemplemos a vida, não exista, viva!! Não importa a idade que tenha, a vida sempre nos espera, há sempre uma curva, uma ponte, a margem do rio, a mão estendida, um sorriso - e sendo verdadeiro, serve-nos como prece, ainda que não saibas ou nem queiras rezar. É paz, e a paz é pra todo mundo! E todos ganhamos com ela!! 

quarta-feira, 8 de abril de 2015





Nossas mãos,
Conectadas ao coração
A faca ou a luva
 Corta a corda e fica livre,
 Ou degusta -  entre rosas vermelhas e vinho?

Importam – “as  verdades”, prisões nunca me cabem!!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Descortinando a vida, tecendo palavras, destilando dores, vivendo...









Porão

Ilusório ser vivente;
Cá estou em febre.
Como quem veste a pele branca e nua;
De flores vermelhas e de espinhos.

Como quem bebe o som
Das esferas;
Sozinho vive, a fitar estrelas!

Serão minhas ou são tuas
 - As tochas acesas -
no porão do esquecimento?

Cujo único perfume infiltrado
São de flores mortas
Entre as horas;
Punhais que Cortam
Quase em silêncio   
o livro

Dos meus dias!!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Minhas inspirações são várias na poesia, cresci bebendo de Augusto dos Anjos e Cruz e Sousa; Charles Baudelaire nos tempos de faculdade,  Florbela Espanca e outros - que se ficasse falando passaria o dia inteiro, e a ideia não é essa, mas de somente informar que as coisas “densas” palavras fortes carregadas de dor, de desencanto me tem fascinado desde sempre! E de uma forma singela eu ofereço as minhas humildes palavras a um poeta que me tem ensinado bastante, a ser eu mesma... “ a ser como as flores que nasceram para serem elas mesmas - sem almejar nada em troca” essas foram as suas palavras que suprimo o nome ao público, mas que ele saberá que tem se agigantado em sua forma de pensar e de ser!!!

Minhas palavras são para ele hoje, meu versejar também!




Ser

Ser ora noturno e triste
Luvas brancas que te veste
Solidão dos ventos frios...
Alma do corpo mortal - que adoece

Como as flores mortas
Fazem das calçadas
Seu quadros
Portais e portas

Jaz como lírio adormecido
Entre os braços de uma criança
Em cujo berço – sem esperança

Jaz na frialdade - em puro desencanto
Quadro a que se dispôs a tanto
Uma lira triste – sombrio, o feitio de seu mavioso canto!


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015











Hoje eu acordei e estava pronta para falar de amor, não que ele me sobre ou me falte, isso não vem ao caso, mas amar é imprescindível
. Há quem espere presentes, gestos, quando na verdade o amor é o desdobrar das coisas mais simples. Você não sabe escrever um poema para ele - como Fernando Pessoa o fez tão bem, mas tem cuidado da saúde dele, fica nervosa se ele demora porque sabe que lá fora os perigos são tantos e que infelizmente para morrermos, basta estarmos vivos...mas a presença física é tão importante que você fica meio parecida com a mãe dele quando diz, "cuide-se"...
Amar não é complicado, fotos e sorrisos em sites de relacionamento nem sempre são verdadeiros, mas se você faz pelo outro de tal forma – em  não almejar nada em troca, você conseguiu trilhar metade do caminho...
Tenho aprendido a viver e a perceber que só damos ao outro o que temos dentro de nós mesmos... Que seja então, o brilho de uma alma que sorri, não importa as intempéries da vida, que exercito ou desertos tenha percorrido, você ainda é você, talvez um pouco sujo, um pouco ferido, mas ainda estas lá... e como és lindo!! Reluzente como um anjo, a vida te fez único, as dores transformaram você num forte, num poeta, num estudioso, num critico, num diplomata, você - e isso é tudo!
Ás vezes as pessoas esperam da gente mais do que podemos dar, dê a sua verdade e saia livre de qualquer peso - porque há percalços demais durante a caminhada, mas se você perceber, a gente nunca está sozinho.

Tenho visto muitas pessoas em busca de respostas e muita das vezes sendo maltratadas com palavras e ações ingratas, de gente que não sabe de quê as pessoas são feitas, são feitas da vida que levam, das escolhas que fizeram... Tentem compreender o ser humano como o ser humano também, não somos máquinas, temos veias, coração - e ele sangra!