quinta-feira, 17 de junho de 2021

 





Era um banco e uma praça, em plena pandemia, “uns livros amarelados”...

Uma mochila surrada de sonhos. Era uma pausa e uma brisa, um sorriso que me salvava de mim... Um coração pulsando como presa, como se estivesse em mil cordas amarrado!

Por entre o medo da vida, surgia uma esperança ainda que tardia que a vida acontecesse alí, contrapondo um céu, ao inferno de mil mortes sofridas nesta pandemia,  por tantos rostos  perdidos,  pessoas amados e tantas vidas  derramadas e sem volta.

Mas estávamos alí...

Ao alcance das mãos e no enlace de almas!

Duas almas tão próximas, tão serenas, de  gostos tão comuns...

... Então a vida pulsa e não mais  envolta aos pensamentos circunvaguei teus mares e em bravios açoites -  em contemplação  - fitamos as estrelas dentro de cada um de nós!

Como se fôssemos  um navio em plena escuridão - fitando  a beleza do farol, nos indicando a direção - na tranquilidade de um porto seguro em teu cais!

És meu porto seguro e meu vôo mais alto.

Minha vida que pulsa, minha certeza de viver um tempo, ainda que não seja bom, mas que haverá sempre um lampejo nas madrugadas em cujas águas do mar, de lua banhadas, na tela da vida em suas retinas...

Na chama da vela, no livro, no filme, no abraço, no sonho embalado pela ViDA!!

 

 Do Vozes

...De mim mesma, para ninguém!

 Erilva Leite.

 

Com todo o meu amor!

 



COM TODO AMOR


Atire em mim, querido

os teus megatons de medo!

Tua vestidura não esconde

mais os teus segredos

seus ais  são de falso lamento...

Não sou mais presa fácil

para o teu ínfimo sentimento!

Nem carne para os teus abutres...

Posso ser desleal contigo

Mas tão fiel a mim, pobre amigo!

Assaz e fria em cada pensamento...

Uma gota de mim, nunca

haverá de arrependimento

Disto sei e estou bem certa...

És como uma porta escancarada

friamente aberta

Acenado para o teu total esquecimento!



Erilva Leite

segunda-feira, 23 de novembro de 2015



Como disse o nosso poetamigo, Mário Bróis, "poema escrito a quatro mãos"!



REQUIESCAT IN PACE
Erilva Leite/Roberto Noir

Soturnal dama, excelsa e triunfante.
Quão bela és em tua torre eterna
Ninho de dor, ornada primavera
Lilases flores em cadáveres de infante!

Maviosa és em teu centro de justiça
Fazes do ser o mesmo e maravilhoso fim.
Trazes presa, aconchegada ao peito
Flores de sangue, escuro e fétido - que já foi carmim!

Tua companhia é o melhor remédio
Para quem experimentou o terrível mal,
Sofreu perseguições e ouviu maldosas falácias
Só resta esperar de ti um piedoso final!

Para quem não possui a hiperbólica vontade de viver
E não consegue remover o peso chamado vida
Só resta viver de forma religiosamente asceta
Enquanto monotonamente aguarda pela ida!

quinta-feira, 25 de junho de 2015





Imagem retirada : http://pt.anawalls.com/imagens-de-caveira-papeis-de-parede-de-mesa-vector-flor-fundos-de-velas-material-livro/12801221800/



FENDA INERTE

No labirinto profundo
Em que dorme a minha sombra
Nem Jung ou Freud o saberia

As nuances letais da agonia
Da verve poética que do meu ser exala
Somente a orquestra sinfônica da fala

Contrapõe-se ao que me cala
Que é fria lápide
Tal fenda inerte

Preciso mais que flores vermelhas
Jogadas no esquife
 Para embelezar
Cada pensamento meu

Que bebe das leis  do ostracismo
Mas que é majestoso e suspenso
Nos portões a que nos iguala

Na frialdade deste chão,
Mas resplandecente  é  sempre – o berço
Que nos acolhe a vala!


Erilva Leite

sexta-feira, 12 de junho de 2015


INFINITO

No leito divino do amor em que embalaste os meus sonhos
Nossas mãos em  nossos corpos eram como preces
Um elo ou misto  de ternura e verdade
Veracidade na vastidão do eterno e do infinito que é amar!

Esqueci-me  de acordar do sonho e enxergar
Quão profunda é a vala em que se sepulta um sentimento
Quão profundas as chagas que sangram sem cicatrizar

Mas do alto do céu eu sei não se vê escombros
Na cruz tosca e atroz de cada assombro
Verte-se a dor torna-se ornado e bonito
Desce-se à tumba atroz do esquecimento para se alcançar o infinito!