Hoje eu tive um sonho, não sei se movido pela febre ou pela
sensação de medo por estar sozinha, senti a companhia de algo ou alguém ao meu
lado como se canalizasse minha febre, senti-me como se fosse uma folha verde
banhada de orvalho em uma manhã ainda sem sol, percebi de uma forma bela e
plena que nós nunca estaremos sozinhos, que ao passo que se esperam a visita de
anjos ou seres especiais, celestiais, divinos - temos sempre um vizinho, um
amigo próximo nos trazendo um pouco da suavidade que perdemos no calor do meio-dia
de tantas dúvidas e inquietações. Vendo assim, a vida e todos que nos cercam
fica fácil perceber que em nenhuma vez somos gigantes o bastante para suportarmos
os nossos fardos sozinhos, mas que haverá sempre alguém ou algo que vai
suavizar os sentidos; a música, a poesia, a arte em geral. Remédios que podem
ser tomados sem contraindicação. Fico a imaginar a dor das pessoas que não se
abraçam porque o abraço cura a solidão, cura a falta de amor, nos da um
sentido, um norte, uma asa que cruza e
desata os nós da insatisfação, da indiferença...
E por um instante tive a certeza de um amor genuíno, “algo
que cresce”, sem medo, inclusive de perder, porque
não se perde um amor, no mínimo ele se torna outra coisa que não fomos
capazes ainda de entendê-lo... e ainda que não seja compreendido, ele existe e
é o bastante... Como as flores que nascem no recôndito
das pedras e lá
sobrevivem, “não esperam nada” eu
espero somente a certeza de ser real - espero a chuva, o sol, o vento...
Aprendi sorrir com a genialidade dos que nasceram pra isso, é um dom fazer rir,
não amaria ninguém que não me fizesse dar boas gargalhadas ou tivesse a
simplicidade de me encantar com as frases perfeitas e poéticas. Nunca podemos esquecer
de olhar as flores e regar o jardim, olhar o por do sol e a lua e saber que
nessa imensidão que é viver nunca estamos sós e que ainda que sejamos “meio
loucos ou estranhos”, somos únicos... “bebendo de fontes várias”, fazendo o que
seja, somos elos de uma corrente que não aperta, mas que possa agregar a
diferença, pois há riqueza esta na
diversidade. E em um mundo particular ou não, também somos universos quando não cabemos dentro de si, precisamos transbordar. Isso é ser
infinito, enxergar o grão de areia, a gota d’água, a florzinha mais singela, o pássaro
que pousa... E estas coisas não podem ser vistas na pressa, mas na
contemplação!! Contemplemos a vida, não exista, viva!! Não importa a idade que
tenha, a vida sempre nos espera, há sempre uma curva, uma ponte, a margem do
rio, a mão estendida, um sorriso - e sendo verdadeiro, serve-nos como prece,
ainda que não saibas ou nem queiras rezar. É paz, e a paz é pra todo mundo! E
todos ganhamos com ela!!